Acabo de fazer uma enquete no Linkedin sobre “Qualidade de Vida” e os percentuais apurados me dispararam alguns gatilhos me trazendo um certo desconforto sobre o número 30.
Ainda não tenho as respostas e o que faço aqui é dividir com você, leitor, alguns questionamentos para pensarmos juntos. Por isso ficaria grato com suas considerações.
Os respondentes sobre a qualidade de vida apontaram que 5% sentem que ela está muito ruim e 25% disseram que está abaixo do razoável. Somando temos os 30% que mencionei.
Aí vem a história do copo meio cheio ou meio vazio, que, certamente, você já ouviu quando se quer incentivar uma pessoa a ter um olhar mais positivo sobre uma determinada situação, considerando, portanto, a visão do copo como sendo uma maneira mais otimista ou pessimista.
Essa visão está ligada à atual “ditadura da felicidade”, que vem sendo inspirada há muito tempo na personagem de “Pollyanna”, de Eleanor Emily Hodgman Porter, romancista norte americana. Nesta versão temos que encontrar pelo menos uma razão para ficar feliz em qualquer situação problemática, o que podemos notar nos rostos sorridentes das selfies das redes sociais. Afinal, você tem que estar feliz 24 horas por dia, não importa como, driblando a tristeza, que por sinal, é um sentimento que faz parte de todos nós, desde o nascimento.
Há muitos anos, em um curso sobre gestão de pessoas da qual participei, se discutiu o quanto uma minoria de 30% de desmotivados, que parece pouco, podia fazer de estrago na motivação geral dentro de um trabalho em equipe. A grande questão era como fazer para que os motivados não se contaminassem por esse grupo de desmotivados. Pude constatar na prática o quanto é desastroso ter um contingente de 30% destas pessoas dentro de uma equipe.
No caso da enquete sobre qualidade de vida, onde muitos respondem que estão bem, apesar de não estarem, os 30%, na minha visão, podem ser muito preocupantes.
Imagine você num ambiente de trabalho, numa roda de amigos ou até mesmo na sua própria família, onde a cada 10 pessoas, 3 estão se sentindo mal sobre sua qualidade de vida.
Certamente, o impacto deste sentimento vem acompanhado de frustração, angústia, estresse, estafa e por aí vai…. E, quando as pessoas estão sob o impacto destes sentimentos, há uma diminuição natural da sua capacidade criativa de enfrentar os desafios e, em última instância, de interagir com as pessoas a sua volta, comprometendo a comunicação e levando a um certo isolamento.
A ideia aqui é discutir com você o meu desconforto quando penso nestas pessoas ignoradas no seu sentimento por falta da tão propalada e desgastada palavra “empatia”.
E, assim, vamos levando nossa vidinha com um contingente de 30% de insatisfeitos com sua qualidade de vida, 30% de depressivos, 30% de desmotivados da mesma forma que nos acostumamos com a morte diária de 100 pessoas pelo Covid19, diminuindo nossa sensibilidade como humanos.
Afinal, 100 é pouco perto dos três milhares de mortes diárias que tínhamos no passado, não é mesmo?
Emerson Ciociorowski
Consultor | Mentor | Coach | Palestrante
Fundador do Movimento Equilibrium
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